segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
E agora José?
Como depois eu acreditei que bastava entrar para uma faculdade e meio caminho já estaria andado. Não estava. E me convenceram de que uma vez que eu tivesse um diploma de graduação, depois um de mestrado, depois um de doutorado,... E eu acreditei que isso me traria alguma coisa. Alguma garantia, alguma segurança. Não traz.
Termino esse ano de 2009 com todos os diplomas que me ofereceram e me obrigaram a ter, com dois livros publicados, com alguns idiomas no currículo. E com a certeza de que nada disso vai me dar o que eu preciso. Nada disso vai me dar dinheiro, alegria ou amor.
De onde virão essas coisas, meu Deus?
Que o próximo ano traga alguma perspectiva, mais esperança, novos amigos, mais encontros com os amigos antigos, saúde para todos e força, muita força, sempre. E coragem, minha gente, que anda em falta e é tão necessária. Coragem para dizer sim ao que se quer. Coragem para dizer não ao que não importa. Coragem para não se comprometer com a mediocridade e a mesquinhez, mesmo que a nobreza de caráter ande em baixa na cotação da bolsa de valores.
Coragem para saltar, de olhos fechados, no mar escuro das perguntas sem resposta.
Vamos remando, tocando nosso barquinho. Inveja dos grandes navios não tenho. Eles afundam. Eu flutuo.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Para os fotógrafos de plantão: National Geographic's International Photography Contest 2009
National Geographic's International Photography Contest 2009 - The Big Picture - Boston.com
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Meu irmão, o padrinho de casamento.
Olha só: o casal posa para foto com seus padrinhos; a foto é tirada; o povo dispersa...
Os amigos que faço nessa vida...
O melhor cover do Queen, EVER!!!
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Poesia e o Diabo a Quatro: o livro!
Espero que todo mundo possa conhecê-lo pessoalmente em breve. E espero que gostem.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Como comecei a estudar romeno
Uma das participantes se apresenta: 32 anos, dentista, terminando um doutorado em ciências biológicas na USP. Ok, parece alfabetizada.
Pergunta: Qual o nome do ditador russo que comandou a União Soviética de 1922 a sei lá quando. E a moça responde, cheia de convicção: Mikhail Baryshnikov!
Pausa para recuperar o fôlego. Entre o riso e as lágrimas, penso em como é incrível a ignorância do ser humano.
Daí, domingo, 11:45 da noite. Nada de bom na TV. Começo a correr a grade de programação e lá está o TCM. Filme antigo e cult da noite: O Sol da Meia Noite. Estrelando: Mikhail Baryshnikov!
Pensei: é um sinal. E vi o filme, até as 2:30 da madrugada.
Depois de muitas cenas de gente falando russo, e uma insônia que me manteve acordada até as 4:00, dormi e sonhei que tinha voltado a estudar aquela bela língua eslava.
Então, segunda-feira. Pela manhã, entro numa livraria e dou de cara com um livrinho vermelho que grita em letras azuis: Fale Russo.
Pensei: é um sinal. E comprei o livrinho.
Não era, contudo, o suficiente. Parti pro Google, em busca de ferramentas de estudo. E foi assim que eu descobri o Livemocha.
Trata-se de um site de aprendizado de línguas gratuito, que se apoia basicamente no princípio de cooperação entre amiguinhos do mundo inteiro. Funciona assim: você faz um cadastro, diz quais idiomas fala e qual ou quais quer aprender. Daí você tem acesso a aulas online, com gramática, vocabulário, exercícios, etc. E em cada lição há pelo menos dois exercícios - um oral e um escrito - que você envia para parceiros dos quatro cantos do mundo, falantes nativos da língua em questão, e eles corrigem para você. Ao mesmo tempo, pessoas que querem aprender a sua língua, mandam seus exercícios para que você corrija.
A princípio, claro, desconfiei da eficácia do sistema. Mas logo os meus novos amigos russos me provaram que eu estava errada: as pessoas realmente querem ajudar! E me mandaram avaliações super completas e detalhadas dos meus exercícios, tão gentis quanto úteis. Consegui ótimas dicas, e ainda tive a chance de ajudar vários estudantes de português espalhados pelo mundo.
Daí, veio a idéia: por que não aproveitar o embalo para aprender línguas novas, realmente estranhas, do tipo que a gente nunca tem chance de aprender na vida real offline?
Foi assim que comecei, ontem mesmo, a estudar romeno. Língua latina com jeitão de eslava, esquisita toda vida, mas com falantes nativos super simpáticos, que têm tido a generosidade de elogiar minha pronúncia de aluna iniciante. Até o momento, minha especialidade é dizer "eu". Que em romeno é... "eu".
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Para os fotógrafos de plantão, parte 2: o mito da respiração
Sem respirar, o corpo se vê privado de oxigênio. Como um claustrofóbico que antecipa a sensação de que a qualquer momento o ar do elevador vai acabar, o organismo se põe em estado de alerta. Entende, naturalmente, que algo deve ser feito.
Entra em cena o responsável pela oxigenação das células: o sangue. Tentando suprir a falta antes que os órgãos tenham qualquer indício de que algo vai mal, o sangue corre para distribuir o O2 que resta em suas reservas, como aeromoça aflita distribuindo máscaras aos passageiros de um avião em queda. Aparentemente tranquila e sorridente mas acelerada, a aeromoça sanguínea provoca uma grande comoção entre os passageiros que a percebem visivelmente alterada em suas funções. Desconfiam, acertadamente, que seu nervosismo de sangue e aeromoça é um reflexo do nervosismo de quem realmente importa - o piloto, o coração.
Na corrida pelo abastecimento das células, o sangue é pressionado por sua bomba. Quanto maior a necessidade de correr, mais a bomba trabalha. Daí que, quando você prende a respiração, o coração acelera. As batidas se tornam mais rápidas e mais fortes. E você treme.
Qual seria então o momento do clique?
Quando você está contando uma história, uma daquelas boas, engraçadas e cheias de reviravoltas, ou passagens que te provocam raiva, exasperação, você fala, fala, fala,... até que uma pausa se impõe. E você respira.
Um breve momento antecede essa pausa para tomar fôlego. Um instante apenas entre a última sílaba do seu discurso e a primeira inspiração para o próximo parágrafo; o instante de inércia da respiração. Nada se move. Corpo perfeitamente relaxado. Hora de clicar.
As imagens lá em cima, essas sim, mercem que se prenda a respiração. São do projeto Ashes and Snow, um trabalho que já vem sendo realizado há mais de 12 anos e que se dedica a explorar a convivência entre homem e natureza em seu estado mais puro. Um show de imagens, um site que vale a pena ser visitado, uma exposição itinerante que já ocupa o posto de exposição individual mais visitada da história. Mas, principalmente para os fotógrafos de plantão, um bom exemplo do que pode ser feito quando se tem cuidado, sensibilidade e técnica.
Detalhe importantíssimo: não há qualquer trabalho digital nas imagens. Todas foram realizadas em FILME!!! Câmera ANALÓGICA!!! 35mm!!! Elas foram apenas escaneadas para o site. Sem Photoshop. Só olhar, clique e revelação bem feita, em papel artesanal.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Para os fotógrafos de plantão, parte 1
- O Rio de Janeiro é uma cidade com um padrão de humidade relativa do ar na casa dos 80%;
- O fundo do seu armário é um lugar escuro;
- umidade + escuridão = FUNGOS!!! e fungos + objetivas = problema;
- Nunca guarde seu equipamento montado, isto é, separe as câmeras e as objetivas, para evitar uma possível contaminação. Se os fungos estiverem na sua objetiva, vc não vai querer que eles cheguem ao corpo da máquina, não é? Boas máquinas já encontraram seu fim antes da hora por esse motivo;
- Guarde todo o equipamento "em pé". Isso vale para as câmeras e, principalmente, para as objetivas, porque deixá-las dormindo deitadas faz com que sua lubrificação interna fique concentrada num só ponto;
- Não se esqueça de manter todo o equipamento com suas devidas tampinhas, sem esquecer que as objetivas devem ter tampas frontais e traseiras. Um filtro UV ou skylight também ajuda a proteger as lentes;
- Estojos de transporte são exatamente para isso: TRANSPORTE. Não deixe seu equipamento dentro deles o tempo todo. Se vc mora num lugar muito úmido, prefira usar o seu estojo para guardar bolinhas de naftalina - irão ajudar a conservá-lo por muito mais tempo, mushroom free;
- Caixas de isopor são uma boa solução para manter tudo sequinho. Outra boa opção é o bom e velho tupperware - de cor clara, de preferência transparente. Em ambos, o ideal é colocar junto com a câmera e a(s) objetiva(s) um sachê de sílica gel para absorver qualquer vestígio de umidade;
- Se tudo for para dentro de um armário, certifique-se de que ele está bem seco, de preferência mantendo dentro dele - ligado e funcionando o tempo todo - um daqueles aparelhos desumidificadores tipo sterilair;
- Jogue fora os estojos e cases de couro: couro é um material orgânico, que combinado à umidade relativa do ar e ao fundo escuro do seu armário pode te dar uma linda demonstração do surgimento da vida em sua forma mais singela - as larvas. Couro apodrece e contamina o seu equipamento, deixando sua câmera bem parecida com os corpos analisados pelo Grissom em CSI.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Luciana Salles, garota de programa
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Nem só de arte vive o homem
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Poesia e o Diabo a Quatro em Destak!
O novo do Saramago
«Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de rugidos e mugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva. Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar. Tudo pode ser. Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama.»
[in Caim, Caminho, 2009]
Rio porque Rio de Janeiro
Feliz dia do mestre
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Coisas que eu não deveria dizer a meus alunos
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Por um blog sustentável
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Brasil Rural Contemporâneo
sábado, 3 de outubro de 2009
Yes, we CRÉU!
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
É preciso ter raça
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Quando as artes se misturam
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Uma terça-feira em Honduras, ou Cora e a política externa
Tudo começou assim:
@cronai: Honduras teria eleições em novembro. Graças à nossa política externa, pode ter guerra civil semana que vem.
about 19 hours ago from web
@cronai: Zelaya é, ele próprio, um golpista. O Brasil leva Honduras tão pouco a sério que nem embaixador tem lá. Agora criou um impasse sem saída.
about 18 hours ago from web
@cronai: É óbvio q não pode entregar Zelaya, o Canalha1, a Michelleti, o Canalha2. E qualquer violência contra a nossa embaixada é ataque ao Brasil.
about 18 hours ago from web
As declarações de Cora Ronai sobre o caso Honduras ontem no twitter geraram uma discussão que se prolongou por horas e que foi se propagando na velocidade #ZéMayerFacts. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que o discurso da jornalista é pertinente; no entanto, uma enorme (e surpreendente) quantidade de seus seguidores no Twitter ficaram indignados com a declaração de que a disputa do governo hondurenho é entre dois golpistas e não entre o Bem e o Mal.
A colunista das quintas-feiras no Globo, acostumada a falar em defesa dos animais e das novas tecnologias, se viu no centro de um acalorado debate sobre política externa, democracia, (i)legalidade e liberdade de expressão.
Quando os debatedores afirmaram a eleição de Zelaya como ato democrático, a jornalista rebateu: "Foi; mas deu um golpe interno para continuar no poder; daí o outro golpe."
E lembrou: "Hitler e Mussolini também foram" [eleitos democraticamente].
Questionada sobre o caso da reeleição de FHC (@leandroflds: @cronai No caso do FHC, foi aprovada pelo Congresso. Isso não é golpe. // É verdade. Foi armazém de secos e molhados.) e se os que querem um terceiro mandato para Lula não seriam também golpistas, a jornalista foi direta: "Com certeza".
Para quem ia chegando aos poucos ao debate, meio sem entender a polêmica, ela esclareceu:
"Respondendo a um monte de gente: Zelaya foi eleito para um mandato único. A constituição de Honduras proibe reeleição".
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"Resolveu então propor uma constituinte para mudar a constituição no quesito reeleição. O congresso foi contra. A Suprema Corte também".
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"Zelaya não aceitou nem a posição do Congresso, nem a da Suprema Corte. Resolveu que ia fazer o referndo no grito. Deu no que deu".
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"Não se mudam as regras do jogo durante o jogo. Para mim, isso é golpe. Depor Zelaya sem levá-lo a julgamento também foi golpe".
about 16 hours ago from TweetDeck
E, por fim, quando atacada de sectarismo, comprometimento com a mídia, anarquista, etc., respondeu com a melhor defesa que os 140 caracteres do Twitter já carregaram:
"Não sou responsável pelo jornalismo da Globo. Nem do Globo, aliás. Sou responsável pelas minhas opiniões, e só".
Mais importante que a decisão brasileira de abrigar Zelaya na embaixada ou toda a discussão sobre o que é ou não permitido pela constituição de Honduras, a grande lição que podemos tirar de todo esse debate é que, de fato, a internet talvez seja o último reduto de verdadeira democracia, de verdadeira liberdade de expressão. E fica a reconfortante constatação de que mesmo na mídia, no Twitter, ou onde quer que seja, ainda há, nesse país, quem pense, reflita, discuta, e faça questão de se fazer ouvir, mesmo que muitas vezes cercada pela voz da ignorância. E, o melhor de tudo: sem perder o bom humor.
(Foto: "Hora do Almoço" de Mônica Fagundes, em singelo passeio pelo Zoológico de Buenos Aires)