segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

E agora José?

Por muitos anos eu tive uma piada: "desde que aprendi a ler, todas as portas se abriram para mim". Toda vez que alguém me perguntava alguma coisa e se surpreendia com o fato de eu saber a resposta, lá vinha a frase. E era brincadeira, claro. Mas, até certo ponto, eu acho que acreditava.



Como depois eu acreditei que bastava entrar para uma faculdade e meio caminho já estaria andado. Não estava. E me convenceram de que uma vez que eu tivesse um diploma de graduação, depois um de mestrado, depois um de doutorado,... E eu acreditei que isso me traria alguma coisa. Alguma garantia, alguma segurança. Não traz.



Termino esse ano de 2009 com todos os diplomas que me ofereceram e me obrigaram a ter, com dois livros publicados, com alguns idiomas no currículo. E com a certeza de que nada disso vai me dar o que eu preciso. Nada disso vai me dar dinheiro, alegria ou amor.



De onde virão essas coisas, meu Deus?



Que o próximo ano traga alguma perspectiva, mais esperança, novos amigos, mais encontros com os amigos antigos, saúde para todos e força, muita força, sempre. E coragem, minha gente, que anda em falta e é tão necessária. Coragem para dizer sim ao que se quer. Coragem para dizer não ao que não importa. Coragem para não se comprometer com a mediocridade e a mesquinhez, mesmo que a nobreza de caráter ande em baixa na cotação da bolsa de valores.



Coragem para saltar, de olhos fechados, no mar escuro das perguntas sem resposta.



Vamos remando, tocando nosso barquinho. Inveja dos grandes navios não tenho. Eles afundam. Eu flutuo.



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