segunda-feira, 26 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Para os fotógrafos de plantão, parte 1
- O Rio de Janeiro é uma cidade com um padrão de humidade relativa do ar na casa dos 80%;
- O fundo do seu armário é um lugar escuro;
- umidade + escuridão = FUNGOS!!! e fungos + objetivas = problema;
- Nunca guarde seu equipamento montado, isto é, separe as câmeras e as objetivas, para evitar uma possível contaminação. Se os fungos estiverem na sua objetiva, vc não vai querer que eles cheguem ao corpo da máquina, não é? Boas máquinas já encontraram seu fim antes da hora por esse motivo;
- Guarde todo o equipamento "em pé". Isso vale para as câmeras e, principalmente, para as objetivas, porque deixá-las dormindo deitadas faz com que sua lubrificação interna fique concentrada num só ponto;
- Não se esqueça de manter todo o equipamento com suas devidas tampinhas, sem esquecer que as objetivas devem ter tampas frontais e traseiras. Um filtro UV ou skylight também ajuda a proteger as lentes;
- Estojos de transporte são exatamente para isso: TRANSPORTE. Não deixe seu equipamento dentro deles o tempo todo. Se vc mora num lugar muito úmido, prefira usar o seu estojo para guardar bolinhas de naftalina - irão ajudar a conservá-lo por muito mais tempo, mushroom free;
- Caixas de isopor são uma boa solução para manter tudo sequinho. Outra boa opção é o bom e velho tupperware - de cor clara, de preferência transparente. Em ambos, o ideal é colocar junto com a câmera e a(s) objetiva(s) um sachê de sílica gel para absorver qualquer vestígio de umidade;
- Se tudo for para dentro de um armário, certifique-se de que ele está bem seco, de preferência mantendo dentro dele - ligado e funcionando o tempo todo - um daqueles aparelhos desumidificadores tipo sterilair;
- Jogue fora os estojos e cases de couro: couro é um material orgânico, que combinado à umidade relativa do ar e ao fundo escuro do seu armário pode te dar uma linda demonstração do surgimento da vida em sua forma mais singela - as larvas. Couro apodrece e contamina o seu equipamento, deixando sua câmera bem parecida com os corpos analisados pelo Grissom em CSI.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Luciana Salles, garota de programa
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Nem só de arte vive o homem
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Poesia e o Diabo a Quatro em Destak!
O novo do Saramago
«Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de rugidos e mugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva. Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar. Tudo pode ser. Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama.»
[in Caim, Caminho, 2009]