quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Como comecei a estudar romeno

Sábado. 5 da tarde. Nada para fazer. Ligo a televisão em um programa estúpido de perguntas e respostas. Ok, adoro competições de perguntas e respostas.



Uma das participantes se apresenta: 32 anos, dentista, terminando um doutorado em ciências biológicas na USP. Ok, parece alfabetizada.



Pergunta: Qual o nome do ditador russo que comandou a União Soviética de 1922 a sei lá quando. E a moça responde, cheia de convicção: Mikhail Baryshnikov!



Pausa para recuperar o fôlego. Entre o riso e as lágrimas, penso em como é incrível a ignorância do ser humano.



Daí, domingo, 11:45 da noite. Nada de bom na TV. Começo a correr a grade de programação e lá está o TCM. Filme antigo e cult da noite: O Sol da Meia Noite. Estrelando: Mikhail Baryshnikov!



Pensei: é um sinal. E vi o filme, até as 2:30 da madrugada.



Depois de muitas cenas de gente falando russo, e uma insônia que me manteve acordada até as 4:00, dormi e sonhei que tinha voltado a estudar aquela bela língua eslava.



Então, segunda-feira. Pela manhã, entro numa livraria e dou de cara com um livrinho vermelho que grita em letras azuis: Fale Russo.



Pensei: é um sinal. E comprei o livrinho.



Não era, contudo, o suficiente. Parti pro Google, em busca de ferramentas de estudo. E foi assim que eu descobri o Livemocha.



Trata-se de um site de aprendizado de línguas gratuito, que se apoia basicamente no princípio de cooperação entre amiguinhos do mundo inteiro. Funciona assim: você faz um cadastro, diz quais idiomas fala e qual ou quais quer aprender. Daí você tem acesso a aulas online, com gramática, vocabulário, exercícios, etc. E em cada lição há pelo menos dois exercícios - um oral e um escrito - que você envia para parceiros dos quatro cantos do mundo, falantes nativos da língua em questão, e eles corrigem para você. Ao mesmo tempo, pessoas que querem aprender a sua língua, mandam seus exercícios para que você corrija.



A princípio, claro, desconfiei da eficácia do sistema. Mas logo os meus novos amigos russos me provaram que eu estava errada: as pessoas realmente querem ajudar! E me mandaram avaliações super completas e detalhadas dos meus exercícios, tão gentis quanto úteis. Consegui ótimas dicas, e ainda tive a chance de ajudar vários estudantes de português espalhados pelo mundo.



Daí, veio a idéia: por que não aproveitar o embalo para aprender línguas novas, realmente estranhas, do tipo que a gente nunca tem chance de aprender na vida real offline?



Foi assim que comecei, ontem mesmo, a estudar romeno. Língua latina com jeitão de eslava, esquisita toda vida, mas com falantes nativos super simpáticos, que têm tido a generosidade de elogiar minha pronúncia de aluna iniciante. Até o momento, minha especialidade é dizer "eu". Que em romeno é... "eu".

2 comentários:

  1. título alternativo para o post: a internet é a oficina do capeta, já que a "mente vazia" é so last week.

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  2. que legal! encontrei pelo menos duas línguas de moçambique, além de suaíle e zulu. nenhuma delas me interessa (o suaíle um pouco, mas não a ponto de estudar sozinho na internet), mas fico na esperança de aparecer lá alguma língua de angola, congo, ou iorubá.

    enquanto isso, vou estudando árabe.

    ps: e o baryshnikov é letão! que coisa, hein?

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